EUA e China Chegam a Acordo para Reduzir Déficit Comercial
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O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o representante comercial americano, Jamieson Greer, anunciaram no último domingo (11) que os dois países chegaram a um acordo para reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos com a China, após dois dias de intensas negociações em Genebra. Bessent classificou as conversas como "substancialmente produtivas", mas evitou divulgar detalhes, prometendo mais informações para segunda-feira (12).
Bessent afirmou que o presidente Donald Trump estava "plenamente ciente" dos resultados das negociações com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, e dois vice-ministros chineses. Apesar do progresso relatado, os representantes americanos não mencionaram planos para reduzir as tarifas pesadas que ambos os lados impuseram ao longo dos últimos anos — incluindo tarifas de 145% sobre produtos chineses e 125% sobre bens americanos.
Encontro de Alta Tensão Comercial
Greer descreveu o acordo como um "passo significativo" para reduzir o déficit comercial global de US$ 1,2 trilhão dos EUA, destacando que as negociações foram "construtivas" e rápidas, indicando que as diferenças entre os dois lados "talvez não fossem tão grandes quanto se pensava".
"Foi um acordo que fechamos com nossos parceiros chineses, que nos ajudará a trabalhar para reduzir esse déficit comercial," disse Greer. Ele também destacou que os representantes chineses foram "negociadores duros", mas que o progresso rápido sugere que "as divergências não eram tão profundas quanto muitos acreditavam".
Primeiro Encontro Desde a Escalada Tarifária
Este foi o primeiro encontro presencial entre altos funcionários econômicos dos dois países desde que Trump assumiu a presidência e deu início a uma série de medidas tarifárias, justificadas por questões de segurança nacional. As primeiras tarifas, de 20% sobre produtos chineses, foram impostas em fevereiro, seguidas por uma taxa "recíproca" de 34% em abril. Em pouco tempo, as tarifas escalaram para três dígitos, afetando cerca de US$ 600 bilhões em comércio bilateral e praticamente paralisando o fluxo comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O governo chinês, que insistiu em cortes tarifários como condição para avançar nas negociações, agora espera que os EUA reduzam essas taxas. Trump, por sua vez, sugeriu na última sexta-feira (9) que uma tarifa de 80% sobre produtos chineses seria "razoável", mencionando pela primeira vez um possível corte nas taxas.
Pressão Para Reformas Internas na China
Além da redução do déficit comercial, os EUA estão pressionando a China a reformar seu modelo econômico, considerado "mercantilista" por Washington. Para os americanos, Pequim precisa estimular seu mercado interno e reduzir a dependência de exportações, uma mudança que exigiria reformas políticas e econômicas sensíveis.
Segundo o conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, os chineses estão "muito, muito ansiosos" para restabelecer as relações comerciais e normalizar o comércio com os Estados Unidos. Hassett também mencionou que novos acordos comerciais com outros países estão em andamento, com pelo menos 24 novos acordos em fase de desenvolvimento, segundo o secretário de Comércio, Howard Lutnick.
Trump Vê Progresso nas Negociações
Em uma mensagem postada em sua rede social Truth Social, Trump descreveu as conversas como "uma reinicialização total... de forma amigável, mas construtiva", destacando que "grande progresso foi feito". Trump reafirmou que deseja ver a China "se abrir para negócios americanos", enfatizando que essa mudança seria positiva para as duas economias.
"Queremos ver, para o bem da China e dos EUA, uma abertura para negócios americanos. GRANDE PROGRESSO FEITO!!!", publicou Trump.
A Escolha da Suíça Como Palco das Negociações
As negociações foram realizadas na residência do embaixador da Suíça na ONU, uma vila luxuosa com vista para o Lago Genebra, no subúrbio arborizado de Cologny. A escolha da Suíça como sede do encontro foi estratégica, dada a neutralidade do país e suas recentes interações diplomáticas tanto com a China quanto com os EUA.
Desafios para o Futuro das Relações Comerciais
Apesar do tom otimista de ambos os lados, muitos analistas alertam que a desconfiança mútua e as profundas diferenças econômicas continuam a ser grandes obstáculos para uma solução definitiva. O governo chinês, por exemplo, mantém a postura de que as tarifas americanas representam um "abuso imprudente" que desestabiliza a economia global, enquanto os EUA insistem que a China deve reformar seu modelo econômico para contribuir mais com o consumo global.
Conclusão
Com ambos os lados evitando parecer fracos e tentando projetar força, as negociações de Genebra representam um passo importante, mas longe de ser uma solução completa para os conflitos comerciais que têm marcado as relações entre EUA e China nos últimos anos.
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